26.9.07

Vida de Inseto


Contei outro dia o caso da senhora que teve confundida uma lata de SBP por um gás pimenta (aqui).

O mais engraçado é que toda essa história que terminou errada já começou errada. Vamos aos fatos...

Já passava das 3hs da madrugada, quando ela resolveu ir ao banheiro para um breve xixi. Só não contava encontrar no meio do caminho uma lagartixa na parede do banheiro. E ela, moradora de Copacabana achava que aquilo só existia na roça. Ela fitou bem aquele bicho nojento, com olhos pretos que retribuía o olhar com um ar ameaçador.

Descalça, sem saber o que fazer e morrendo de medo da lagartixa, deu meia-volta, desistindo do xixi e voltou para quarto, rezando para que aquele monstro verde desaparecesse pela manhã.

Ao acordar, foi direto ao banheiro e, após uma revista minuciosa, constatou que suas preces foram atendidas. A lagartixa fora embora.

Fez seu xixi e ligou o aquecedor para um banho. Logo após tirar a roupa, sentiu um zumbindo perto do pescoço e, em ato de puro reflexo, deu uma tapa no local. Ao abaixar a mão, viu o resultado da agressão, uma abelha jazia sobre ela. Olhando aquele corpo nojento, morto, pensou: “sua abelha maldita”.

Tomou seu banho e minutos depois começou a sentir o pescoço inchado, dolorido e vermelho. Filha-da-Puta, exclamou. A abelha antes de morrer conseguiu picá-la. Não deu muita importância e seguiu seu dia.

Lá pelas quatro da tarde, a dor aumentava e já não conseguia mais engolir sua própria saliva. Ligou para seu médico e entrou em pânico. Deveria correr para um hospital.

Foi atendida na emergência do Copa Dor, onde lhe aplicaram uma injeção de Diprospan e receitaram Astro, Nexium, Desalex e Diprogenta. Tudo isso por causa de uma abelha...o veneno da maldita fez um belo estrago.

Dia seguinte, ainda com muitas dores, resolveu ficar em casa. Passou a maior parte do tempo na sala, assistindo televisão, acompanhada de perto por seu cachorro. Tirou um cochilo e acordou com um barulho estranho e o latido do seu bravo cachorro. Sem entender nada e com os olhos ainda embaçados de sono, viu um vulto verde sobre sua barriga. Era uma esperança que a encarava como se pedisse algo. Pensou em dar um outro tapa, como aquele que matou a abelha, mas pensou: Meu Deus, de matei uma abelha e quase morri por isso, imagina se mato uma esperança.”

Nisso, seu cachorro saltou sobre a esperança que saiu pulando pela casa, com ele em seu rastro.
Ela, apavorada, subiu no sofá e gritava na vã esperança que a esperança (sem trocadilho) sumisse. Suas preces foram escutadas, mas ninguém até hoje sabe se a esperança fugiu ou foi comida pelo cachorro.

Abalada, com dores e sentindo-se prisioneira em sua própria casa, resolveu sair e ir para sua aula de Ioga, onde aproveitaria para comprar um inseticida e se ver livre desses monstros.